Todos já ouvimos falar várias vezes sobre transgênicos. Mas você entende realmente qual é a polêmica? Se você ainda não está entendendo bem o assunto, nós te explicaremos muito bem nesse artigo.
Aqui te mostraremos o que são, para que servem e por que causam tanta polêmica em todo o mundo. Mostrando os dois lados da história, esperamos que você forme a sua própria opinião ao final da leitura.
O que são transgênicos?
São alimentos geneticamente modificados. Tudo o que forma os seres vivos é controlado pelo material genético, que é um grande conjunto de peças que definem as características de cada ser. O método de transgenia consiste na transferência de genes de um indivíduo para outro, sendo estes normalmente de espécies diferentes. Isso faz com que um indivíduo adquira características do o outro, sendo essas características positivas e/ou negativas.
Onde isso tudo começou
Em 1972, com a descoberta do comportamento da Agrobacterium timafasciens, causadora de uma doença chamada galha de coroa, possuindo um ciclo muito diferente das demais bactérias. A bactéria insere parte dos genes dela na planta hospedeira, fazendo com que a planta passe a produzir um tumor que fornece alimento para a bactéria. Logo, essa é uma transgenia natural, que foi utilizada para veicular genes de um indivíduo em outro.
Os primeiros estudos da técnica foram conduzidos para a produção comercial da insulina, medicamento essencial a muitos diabéticos. Genes humanos foram inseridos em bactérias, que produzem a substância humana. Mas isso não gerou grande polêmica, já que o organismo transgênico fica sem contato direto com os humanos e com o meio-ambiente.
Um dos principais fatores que contribuíram para o desenvolvimento da técnica foi os grandes ataques de pragas e doenças nas culturas agrícolas em todo o mundo, e ao alto custo e periculosidade de inseticidas e fungicidas agrícolas. A inserção de genes possibilitou a redução ou erradicação do ataque de certas pragas e doenças em algumas culturas, sem o uso excessivo de defensivos agrícolas (agrotóxicos).
Mas a transgenia possui muitas outras funções além do uso agrícola, como o uso na produção de medicamentos, uso na produção de enzimas e reagentes para indústrias, que inclusive já eram utilizados há muito tempo na indústria cervejeira.
Melhoramento genético e Transgenia são coisas diferentes.
O melhoramento genético é qualquer esforço humano feito para que haja melhora de características da planta, sendo a maior desta área de pesquisa direcionada à seleção genética.
Todo o melhoramento se iniciou em 1865 pelo primeiro homem a estudar a genética: Gregor Mendel. A partir daí, a produção agrícola começou a alcançar maiores produtividades, possibilitando o suprimento de alimento para a população mundial, o que não seria possível sem o melhoramento genético.
A transgenia é somente uma pequena parte do estudo do melhoramento genético, não devendo ser confundida com o todo.
Os possíveis benefícios dos transgênicos
São várias as vantagens certas e possíveis que o uso de organismos geneticamente modificados pode trazer. Dentre as principais estão:
- Melhoria da produção por área agrícola, exigindo menor espansão de áreas. Isso reduz o desmatamento e pode aumentar a renda do produtor.
- Potencial de redução do uso de defensivos agrícolas (agrotóxicos), o que evita a contaminação de animais, plantas e manciais.
- Possibilidade da fabricação de medicamentos que antes eram inviáveis. Plantas podem começar a produzir substâncias específicas em grande quantidade para a extração.
- Possibilidade da suplementação nutricional em alimentos.Plantas que geram alimentos com mais nutrientes específicos, para suprir onde locais com deficiências.
- Possibilidade de inclusão de vacinas em alimentos para países pobres.
- Possibilidade da redução dos custos dos alimentos. Maior produtividade agrícola, maior oferta de alimentos e conseqüente queda de preços.
O que é polêmico nos transgênicos?
São muitos os aspectos que causam polêmica quando falamos de transgênicos. As principais são as conseqüências da liberação de plantas transgênicas no ambiente, e os danos que esses alimentos poderiam estar trazendo à saúde humana e animal.
- A liberação no ambiente
Quando introduzimos uma espécie diferente em um meio, devemos tomar sempre muito cuidado, pois esse é um processo normalmente irreversível. A reprodução natural de organismos geneticamente modificados poderia causar grandes desastres, já que poderiam entrar em competição com as espécies nativas da região, ou mesmo cruzar com espécies nativas próximas, gerando novas plantas, além de outras possíveis conseqüências imprevisíveis.Uma das tentativas de solução desse problema por parte das empresas produtoras de sementes geneticamente modificadas foi criar plantas que produzem sementes estéreis, o que também forçaria o produtor a comprar sementes daquela empresa. Mas o cruzamento com plantas nativas e com outras cultivares (contaminação genética) ainda é possível na maioria dos casos, sendo monitorado o desenvolvimento da lavoura, a fim de verificar possíveis cruzamentos indesejáveis.O monitoramento de biossegurança é feito pela própria empresa, que apresenta um projeto que confirma a segurança das sementes no meio ambiente. Essas pesquisas, de caráter duvidoso, possuem sua metodologia questionada devido a um possível empirismo das mesmas. - Possíveis danos à saúde
Quando um gene é introduzido em uma planta, uma característica favorável pode ser introduzida, mas uma característica indesejável pode também ter entrado. Ou seja, ao mesmo tempo que uma planta adquire resistência a uma doença, ela pode produzir toxinas ao homem. O problema maior é descobrir exatamente quais características a planta adquiriu com o processo, pois muitas delas são quase ocultas, mas podem ter conseqüências desastrosas.Existem diversas acusações de intoxicações alimentares causadas supostamente por alimentos transgênicos. Mas é importante observar que ainda não há qualquer prova concreta de que alimentos transgênicos possam causar danos à saúde de humanos e animais. Ao mesmo tempo, não há qualquer prova concreta de que eles não podem causar danos à saúde. - O pagamento de royalties
A permissão da geração de patentes sobre seres vivos é uma das mais importantes pautas da discussão sobre organismos geneticamente modificados. Vale ressaltar que todos os transgênicos produzidos por empresas privadas são patenteados.Isso significa que a cada vez que algum produtor utiliza sementes transgênicas, eles devem pagar taxas para quem as criou, sendo essas taxas chamadas de royalties. Essa patente vale mesmo para as sementes geradas naquela propriedade rural através da planta transgênica.
- O aumento do uso de herbicidas
Muitos tentam comprovar que houve aumento no uso de herbicidas com o uso de transgênicos, e não uma redução, como havia sido dito pelas empresas produtoras de sementes. Algumas cultivares de plantas lançadas eram resistentes a determinados herbicidas, sendo útil para a utilização do herbicida já com a plantação formada, sem causar danos à produtividade.
O uso de organismos geneticamente modificados (transgênicos) na agricultura pode gerar muitos benefícios à população mundial. Apesar disso, ainda há muitas controvérsias sobre a biossegurança da sua liberação no meio ambiente e da sua segurança no consumo alimentício.
Há vários campos de pesquisa relacionados à transgenia: o da produção agrícola, das questões ambientais, medicina e ética. Mas infelizmente, há pouca ou nenhuma integração dos vários campos de pesquisa para o desenvolvimento e estudo dos OGMs. Uma das grandes barreiras para que isso ocorra, é o radicalismo ideológico que vem sendo apresentado por todas as partes representantes de cada campo de pesquisa, o que gera conflitos, sem se poder chegar a qualquer conclusão.
Por mais que a já tenhamos uma opinião formada, é essencial escutarmos as opiniões diferentes com calma e respeito. Devemos evitar radicalismos, pois eles impedem a nossa sociedade de trabalhar em conjunto para a busca de novas soluções. Leiam, aprendam, escutem, e opinem, mas sempre com respeito ao próximo.