O que é a Agricultura Orgânica?
Agricultura orgânica é uma forma de agricultura que busca a sustentabilidade econômica, social, e ecológica. Para tal, os agricultores orgânicos não podem utilizar agrotóxicos, fertilizantes sintéticos, ou transgênicos, sendo que o manejo da lavoura baseia-se em técnicas de rotação de culturas, adubos verdes, utilização de resíduos e esterco animal, uso de predadores naturais etc.
Para a produção orgânica de animais, procura-se ao máximo o bem-estar animal, e é expressamente proibido o uso de hormônios, antibióticos e aditivos sintéticos.
O começo de tudo
A agricultura orgânica é a mais antiga forma de agricultura do nosso planeta. Produzir alimentos sem produtos químicos derivados do petróleo (agrotóxicos e fertilizantes) era a única opção aos agricultores no período anterior à Segunda Guerra Mundial. Durante as guerras, foi desenvolvida a síntese do nitrato de amônio para a sua utilização em explosivos, mas foi posteriormente utilizado na agricultura como um adubo nitrogenado (fornecedor de nitrogênio) para as plantas. De uma forma semelhante foram desenvolvidos os primeiros inseticidas, os organofosforados (DDT), que foram posteriormente utilizados na agricultura.
O movimento orgânico se iniciou nos anos 1940 como uma reação ao crescente uso de químicos sintéticos na agricultura. Os movimentos ambientalistas se reforçaram nos anos 1960, com a publicação do livro “Primavera Silenciosa”, onde a cientista americana Rachel Carson descrevia pela primeira vez os efeitos nocivos do uso indiscriminado do inseticida DDT, levando à abolição do seu uso.
Bases da Agricultura Orgânica
Ao invés de utilizar fertilizantes sintéticos, os agricultores orgânicos utilizam rotação de culturas, coberturas verdes, e compostagem para manter e melhorar a fertilidade do solo. Do mesmo modo, no lugar dos agrotóxicos sintéticos, as fazendas utilizam métodos biológicos, culturais e físicos para limitar o crescimento das pragas e aumentar a população de insetos benéficos. Transgênicos são proibidos na agricultura orgânica por serem sintéticos e representarem riscos desconhecidos.
Por dispensarem o uso de muitas tecnologias, a produção orgânica é muito mais trabalhosa que a convencional, exigindo mais mão-de-obra e produzindo consideravelmente menos quantidade por unidade de área. Devido a esses fatores, os produtos orgânicos chegam mais caros ao consumidor final, podendo custar até 4 vezes mais que os convencionais.
A Lei dos Orgânicos
No Brasil, a agricultura orgânica é regulamentada pela Lei 10.831, de 23 de Dezembro de 2003. A lei estabelece critérios rígidos sobre os padrões requeridos para que um produto seja considerado orgânico. A fiscalização é feita por agências certificadoras e pelos fiscais federais agropecuários do Ministério da Agricultura.
Como identificar produtos orgânicos?
Para o consumidor final, fica praticamente impossível identificar um produto orgânico na prateleira dos supermercados sem que ele esteja devidamente identificado. Para que um alimento seja considerado orgânico, não basta somente ter sido produzido em um sistema orgânico, ele deve provar que realmente é um alimento orgânico.
No Brasil, todo alimento orgânico deve ser certificado por agências certificadoras credenciadas pelo governo federal, garantindo assim que os produtos rotulados como orgânicos sejam realmente o que dizem ser. Alimentos orgânicos devem vir com um selo obrigatório do Sistema Brasileiro de Avaliação da Conformidade Orgânica, gerido pelo Ministério da Agricultura. Alguns produtores regionais de pequena escala podem isentar-se da obrigatoriedade da certificação.
Controvérsias
Os diferentes ramos da ciência ainda não chegaram a um acordo em muitos aspectos quanto à agricultura orgânica e a convencional. Ainda não se sabe se os produtos produzidos sob sistemas orgânicos realmente possuem maior teor de nutrientes em relação aos produzidos em sistemas convencionais. Ainda não existe certeza também se a produção orgânica seria capaz de produzir isoladamente alimento para toda a população mundial atual, que dobrou desde o surgimento dos fertilizantes e pesticidas sintéticos.
Mas de uma coisa não temos dúvidas: alimentos orgânicos representam menos riscos à nossa saúde. O uso das novas tecnologias, com o emprego de novos agrotóxicos e de transgênicos traz muitas dúvidas e incertezas quanto à segurança dos alimentos que comemos. Os orgânicos, por outro lado, são a certeza da ausência de contaminantes intencionais.